“Mildelesas” da vida

É estranho celebrar aniversário num tempo pandêmico. Nesses últimos dois anos foi assim, anoitecer e amanhecer agradecendo por estar viva, embora em alguns momentos cercada de tristeza e temor. Nesses tempos duros há muitas pessoas amadas que anoiteceram e não amanheceram. Nunca fui apoteótica em aniversários. A discrição das datas particulares sempre foi algo que

Mudanças & andanças

Há algum tempo que quero escrever sobre uma tal rua Gravataí. Mas uma crônica só não basta. E pensando na tal rua situada na Paulicéia Desvairada, eu fiquei pensando nas tantas mudanças que já fiz. Quando falo de mudanças me refiro às de cidade. Eu ainda não viajei o tanto que gostaria. Mas acumulei mudanças

Brasil distópico

Se eu for achar que o mundo é o que sai nas informações que circulam nos aplicativos de troca de mensagem, ou nos programas de caça aos “meliantes”, eu estou pebada, como diria um bom sertanejo. O mundo das notícias é bastante complexo. Já falei algumas vezes nesse espaço da coluna. Só que o mundo

A lógica natural dos ventos

Enquanto eu escrevo mais de 500 mil pessoas no Brasil morreram. Desde que o coronavírus chegou por aqui, diariamente escutamos o lamento de alguém querido externando a dor pela perda de pessoas amadas. Penso que sejam mais, muito mais que 500 mil pessoas. Nos falta precisão de dados, testagens suficientes, responsabilidade, seriedade e compromisso. Nos

Uma cartografia afetiva

Talvez um filho seja o que resta de nós. Sendo totalmente outra existência em que por vezes passa longe toda e qualquer semelhança. Tem manual para muita coisa, menos para crianças, nem para adolescentes, e honestamente não há para ninguém nesse mundo. Uma vez, grávida, ganhei um livro sobre bebês, imenso. Repleto de sistematizações bem

Vestida de tempo & mar

O tempo é um pássaro a sobrevoar o céu de nossas almas. E por vezes do poente, “da janela lateral do quarto de dormir” paro absorta a contemplar a paleta de cores a se desmanchar a cada crepúsculo. Observo o tempo no corpo, em especial no útero, nesse ciclo interior de chegada e partida. Penso

Cinza e laranja

Há dias em que a realidade te atropela. Momentos em que a “gente se sente como quem partir ou morreu”. Tão precisa música do Chico Buarque a descrever a roda viva. É uma criança que morre tragicamente. São três crianças negras desaparecidas, até então não encontradas. É vacina que falta. É cepa nova que chega.

A música das ruas

A arte sempre nos ajuda, sempre ajudou. Iluminou, e segue dando pistas. Quando imagino o mundo sem as artes penso que seria bruto e triste demais. Se não fosse um corpo transmutado pela arte penso que a vida na Terra seria insípida. Recentemente, num passeio de bicicleta num dia de domingo observei a sonoridades das