Feminicídio estrutural

Eu vim tomar consciência da importância do Dia Internacional da Mulher, nos anos 1990, quando passei a enxergar as cruzes, cartazes e panfletos que as ativistas feministas deixavam visíveis nas ruas como uma forma de protesto diante do sangue derramado de tantas mulheres paraibanas que clamava por Justiça. Antes disso só achava meio brega aqueles

Meus capitães de areia

Recentemente voltei à Fundação Casa de Jorge Amado, e conheci à Casa do Rio Vermelho. Tem lugares que balançam demais com coisas que estão bem guardadinhas, nas caixinhas dentro das caixinhas. Já fazia tempo que queria falar dos meninos da praia que conheci em 1996, quando, por questão de sobrevivência e vontade, passei ao trabalhar,

Sou carnavalesca?

Desde que janeiro acabou que eu fico atenta ao redor e as transformações ocorridas nas pessoas e na cidade por causa do Carnaval. Eu acho lindo a excitação das amigas carnavalescas. Mas acho mais que estou para Dorival Caymmi. Eu bem que me esforço um pouco, mas tem jeito não. Fico me perguntando se teria

Água

Acho que a água me define enquanto elemento, gosto muito que seja assim. E não é pela vinculação com o signo de câncer, que não levo muito em conta. Mas porque nascida numa área de poucas chuvas, a água sempre esteve no centro de tudo. Na nossa casa água era um assunto sério e solene:

Oitenta anos

Escrevo esse texto na data em que mainha faria 80 anos. Nasceu em 04 de fevereiro, e a registraram noutra data, como era comum num interior dos anos 1940. O sertão nunca saíra dela, tão pouco ela gostava em sair de lá. Raríssimas foras às vezes que topou essa aventura. Não gostava de lugar nenhum

As cartas

Essa semana foi difícil escolher o assunto da crônica. Por um lado a realidade, os jornais, o tempo correndo nas manchetes de jornais: enchentes no Espírito Santo e Minas Gerais; corona vírus; erros na condução do ENEM pelo MEC; feminicídios que não param de crescer; queda das bolsas; o show da Alessandra Leão, enfim, uma

Ecofeminismo, mulheres e teologia

Na última terça-feira reencontrei amigas queridas. Depois de longos anos. Todas antes espalhadas por tantos cantos, diante de tantas jornadas, unidas por uma Espiral Sagrada. Ainda não sei ao certo expressar a profunda alegria, as emoções, a memória, a saudade, o afago, o milagre, o afeto e tudo que o momento de estar juntas representou

Cavernas & galáxias

Há dez anos passados eu estava prestes a concluir uma etapa importante da vida, meu doutorado. E para escapar da angustia da pressão interior, depois de um dia de trabalho, eu ficava navegando na internet olhando lindas paisagens. E assim me deparei com uma fotografia da pequena cidade baiana de Mucugê. No dia seguinte falei

Simplesmente dizer não

Recentemente uma cena viralizou, percorrendo assim o mundo hipermidiatizado, ansioso e neurótico com o excesso de informações. A imagem de que falo é a do Papa Francisco dando tapas numa fiel, em Roma. Certamente há quem não tenha visto, ou tão pouco se importado. Eu que vi o acontecimento veiculado pelo Twitter e mediado por

Nosso fio das missangas

“A vida é um colar: Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas, as missangas…” (Mia Couto) Certo dia, não lembro como, há muito tempo, chegou em minhas mãos, um texto de Mia Couto. Fiquei surpresa inicialmente com o nome do escritor, para mim bem enigmático, que trazia uma sonoridade que