“Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:
Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;Tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de afastar e de afastar-se de abraçar;Tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;Tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz”. (Eclesiastes 3:1-8). Me pergunto de que é feito o tempo afinal? De tantas mesclas… E a imagem que me vem neste último dia do ano é da Aurora Boreal que vi representada recentemente numa animação japonesa em tons sombrios. E penso às vezes que o tempo é a Caverna de Platão de cada um. Um invólucro “invisível”, o casulo onde são nutridas nossas mudanças, muitas vezes involuntárias. Torço apenas para que esta aparição de um Ciclo Novo, através da cronologia de 2011, possa nos trazer mais sabedoria para viver estas dinâmicas presentes no texto bíblico acima, que de certo modo fala das contradições e acima de tudo das complexidades que envolvem os ciclos de morte-renascimento cotidianos.
Ao desejar bom Ano fico sentindo a pele que deixo para trás, abraço o silêncio, me sinto um pouco “Afonsina vestida de Mar( como na música cantada por Mercedes Sosa), Innana que excursionou nas profundezas; um pouco uma pessoa invisível(na metrópole) descrita nos quadrinhos de Will Eisner. Acho que porque carrego comigo a idéia correta de que muitas sementes brotam da Escuridão da Terra.
E lembro-me do meu amigo Adriano, que quando sai de sua Terra do Nunca – seu lugar de origem que não posso dizer o nome – , afirma estar atravessando um Portal. Como no Labirinto do Fauno cada um tem o Portal que sua imaginação permite. Este é um dos meus, a escrita.
E é através dela que gostaria de desejar sinceramente aos meus amigos e amigas de verdade (não aqueles que te sorriem e te cortam pelas costas e os utilitaristas) um bom ciclo, que começou dia 21, com o Verão, vai seguindo com estas datas festivas, que de algum modo colocam as pessoas em interação, em dívidas, solidão, entusiasmo, migrações, reencontros, reconciliações, etc. Agradeço por momentos singelos compartilhados, e torço para que Tempos de Paz sejam uma realidade.
Abraços,
Sandra Raquew
“Tempo rei, ó Tempo rei, ó Tempo rei, transformai as velhas formas do viver (Gilberto Gil)
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