Dia 05 de agosto passado, saí com meu filho, sendo feriado, fomos ao cinema. Amo cinema, mas tenho dificuldades em ir às salas que ficam nos shoppings, é difícil acostumar, por inúmeras razões. Mas enfim, sempre topo ir ver um filme. Logo após a exibição ele me pede um lanche. Num ritmo frenético, jovens moças e rapazes correm de um lado para o outro num espaço mínimo, as pessoas nas filas aguardam, em tempo record, sua refeição.
A rotina foi quebrada com o grito de um jovem no fundo da cozinha, visível a todos. Pede ajuda! Rapidamente a moça do caixa sai em prantos. A imagem em segundo plano mostra um jovem estirado ao chão, como uma paisagem desfocada. Todos os jovens trabalhadores se agitam para tentar socorrê-lo, mas em questão de segundos como em robôs numa linha de montagem começam trabalhar, fazendo os mesmos movimentos. Com rostos assustados, silenciados, orquestram as vidas em fast-food.
Os bombeiros chegam, pegam o rapaz, o retiram dali numa cadeira de rodas. Questão de não mais que dez minutos dura esta lastimável cena. Eu e meu filho que estávamos bem de frente observamos tudo. Vi seu rosto pálido, tive medo que morresse, tive susto e tristeza.
Perguntei a vários jovens trabalhadores da lanchonete que juntamente comigo presenciaram a cena o que havia acontecido com ele, como estava agora, mas nenhum deles, mesmos os que saíram de seus postos para acudí-lo disseram não saberem de nada, desconversaram.
Meu filho e eu nos entreolhamos, compreendemos mais essa vez a vida invisível e descartável, existências em fast-food, expressão da coisificação de tudo e de todos. Com tristeza pela violência também sofrida pelos jovens que continuaram trabalhando sem dar uma pausa, mínima que fosse para se acalmarem diante do tudo aquilo.
Perdemos o apetite, e prometemos para nós mesmos nunca mais voltarmos aquele lugar.
De que é feito a vida?
De que é feito o tempo?
De que somos feitos?
Que faremos?
Justa observação, obirgado